Cronica
Hoje resolvi escrever em vez de desenhar. Porque é muito mais fácil, e você não vai ficar prestando atenção na cores que uso. E pelo menos fica mais bem acabado. Tenho a impressao que você não vai concordar com a minha escolha mas foi você que sugeriu. E como eu não sou muito obediente, vamos em frente.
O dia em que me apaixonei por Tom Waits – Começo dos anos 80, dividia uma casa em SP com um grande amigo: David Zingg um fotografo americano que já morava no Brasil desde os anos 60. Estava muito traquilo em casa quando ele chega e diz que vai me mostrar um disco: e coloca na vitrola (ainda estavamos no tempo do vynil) um disco chamado Swordfishtrombones. E foi uma experiencia inesquecivel para mim.O som de rock, a voz rouca e cansada, a poesia falando dos “losers”. Um mundo novo se abriu. Não parecia com o que eu conhecia, era uma experiencia completamente nova. Na vida tive sorte de ter essa sensação várias vezes: com a guitarra de Jimmi Hendrix, o sax de John Coltrane, o violão de João Gilberto, o piano de Glenn Gould, a pintura de Jackson Pollock ou de Francis Bacon. E com certeza foram experiencias que mudaram e moldaram minha vida. Depois dessas experiencias a gente fica aberto para as conexões que elas criam. Essas referencias acabam nos levando para suas ligações, um artista leva para um outro mas as grandes referencias permanecem e durante os anos seguintes sempre voltamos para revisitar nossos ídolos. E, às vezes temos sorte, de eles contuarem trabalhando e produzindo novas obras. Apesar de nem sempre evoluirmos na mesma direção ou com a mesma velocidade.